A hérnia de disco é uma condição que ocorre quando o núcleo gelatinoso de um disco intervertebral se desloca, pressionando os nervos próximos e causando dor. Embora a maioria dos casos de hérnia de disco possa ser tratada com métodos conservadores, como fisioterapia, orientações e mudanças no estilo de vida, há situações em que a cirurgia se torna necessária. Neste artigo, exploramos três características principais que indicam a necessidade de uma intervenção cirúrgica para hérnia de disco.
Sintomas Neurológicos Graves
Uma das principais razões para considerar a cirurgia é a presença de sintomas neurológicos graves. Quando uma hérnia de disco pressiona severamente um nervo, pode causar fraqueza muscular significativa, dormência ou perda de função em uma extremidade. Em casos mais graves, pode ocorrer uma condição chamada síndrome da cauda equina, que é uma emergência médica. Esta síndrome é caracterizada pela compressão dos nervos na parte inferior da medula espinhal, causando sintomas como incontinência urinária ou fecal, perda de sensibilidade na área genital ou interna das coxas (anestesia em sela), e dor intensa.
Indicador para Cirurgia: A presença de fraqueza muscular progressiva, perda de controle da bexiga ou intestinos, ou outros sintomas neurológicos graves são indicações claras de que a cirurgia pode ser necessária para evitar danos permanentes.
Dor Intensa e Persistente
Outro critério importante é a intensidade e persistência da dor. A dor causada por uma hérnia de disco pode variar de moderada a extremamente severa, e é geralmente localizada na região lombar ou cervical, irradiando para as pernas (ciática) ou braços. Quando essa dor é intensa a ponto de limitar significativamente as atividades diárias e não responde a tratamentos conservadores, como analgésicos, fisioterapia e exercícios específicos, a cirurgia pode ser considerada.
Indicador para Cirurgia: Se a dor for debilitante e persistir por mais de seis semanas, apesar de um tratamento conservador adequado, pode ser recomendável optar pela cirurgia para alívio dos sintomas e melhoria da qualidade de vida.
Ineficácia do Tratamento Conservador
A ineficácia do tratamento conservador é outro fator chave na decisão de realizar a cirurgia. Tratamentos não cirúrgicos, como fisioterapia, medicamentos anti-inflamatórios, injeções de corticosteroides e ajustes no estilo de vida, são geralmente a primeira linha de abordagem. No entanto, se esses tratamentos não proporcionarem alívio suficiente dos sintomas após um período adequado de tentativa, a cirurgia pode ser a próxima opção.
Indicador para Cirurgia: A falha dos tratamentos conservadores em aliviar a dor e outros sintomas após um período de 6 a 12 semanas é uma indicação para considerar a cirurgia, especialmente se a qualidade de vida do paciente estiver significativamente comprometida.
Considerações Finais
A decisão de operar uma hérnia de disco deve ser baseada em uma avaliação cuidadosa dos sintomas do paciente, a resposta ao tratamento conservador e a presença de complicações neurológicas. A cirurgia pode proporcionar alívio significativo e recuperação funcional, mas como qualquer procedimento cirúrgico, carrega riscos que devem ser discutidos com um médico especialista.
Referências Científicas:
- Weinstein, J. N., Tosteson, T. D., Lurie, J. D., Tosteson, A. N. A., Hanscom, B., Skinner, J. S., & Herkowitz, H. (2006). Surgical vs nonoperative treatment for lumbar disk herniation: the Spine Patient Outcomes Research Trial (SPORT) observational cohort. JAMA, 296(20), 2451-2459.
- Peul, W. C., Van Houwelingen, H. C., Van Den Hout, W. B., Brand, R., Eekhof, J. A., Tans, J. T., … & Koes, B. W. (2007). Surgery versus prolonged conservative treatment for sciatica. New England Journal of Medicine, 356(22), 2245-2256.
- Deyo, R. A., & Mirza, S. K. (2006). Clinical practice. Herniated lumbar intervertebral disk. New England Journal of Medicine, 374(18), 1763-1771.